Foto: Wagner Santana

Nosso principal interesse na Ufologia são as origens extraterrestres da humanidade e as antigas civilizações. Mas a Ufologia é surpreendente e pode levar o pesquisador para bem longe de seu interesse inicial.

Aconteceu de ouvirmos a comunicação de uma pessoa que dizia ter convivido – junto com seus pais, dezoito irmãos e outras quinze famílias, todas aparentadas – com uma luz muito intensa na ilha em que moravam,  no município de Palmeirândia, interior do estado do Maranhão.

Entrevistei então a matriarca Dona Iris Abreu e seus filhos, Lidia, Sonia e Lionel, residentes no Rio de Janeiro. A tal luz, a dita “Estrela” ou “Aparelho” parecia morar naquele céu, porque era sempre vista lá em cima, destacada das outras estrelas.  Mas também crescia diante das testemunhas até se transformar numa bola de luz, ou de fogo. As testemunhas oscilam entre definir como luz ou como fogo, pela falta de uma palavra adequada para o fenômeno que avistavam.

Fiquei então sabendo, que embora a luz chegasse a tocar pessoas, não se tem notícia de alguém que tenha sido queimado ou atacado por ela na localidade. Crescia até mais ou menos um metro de diâmetro, nem quente, nem fria, e também sem qualquer ruído.

A luz estabeleceu um padrão de comportamento em interação com as reações da população da ilha. Essa interação durou mais ou menos dez anos e de maneira quotidiana, segundo as testemunhas, tendo começado a se manifestar no início dos anos 70, permanecendo até a instalação da luz elétrica, no final da década.

A década de 70 nos lembrava alguma coisa sobre uma operação militar que teria ocorrido no Pará. Soube também que documentos oficiais tinham sido liberados como resultado da campanha “Ufos liberdade de informação já”, liderada pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).

Efetivamente, encontramos a casuística, registrada nos documentos oficiais – consultamos também os diferentes grupos ufológicos do nordeste e norte do país. São casos de avistamentos, ataques de luzes e objetos desconhecidos em toda a região na década de 70. Já em 1976, temos o caso Barroso, no Ceará. Vitório Peret, um dos maiores ufólogos brasileiros e pesquisador incansável da Operação Prato, nos disse que até onde sabe “os ataques de feixes luminosos causaram diversas vítimas fatais a partir da ilha dos Caranguejos no Maranhão (1977), quando entre três pescadores um deles morreu e os outros dois sofreram graves queimaduras. Na região de Bequimão, também no Maranhão, vários lavradores tinham sido encontrados mortos após a população observar estranhas luzes no céu na noite anterior. Em seguida a morte de um morador no município de Viseu, divisa Maranhão com o Pará, foi associada à chegada inesperada de um enorme objeto luminoso num final de tarde voando a baixa altura na rua da praia. O Hollanda nos disse durante uma vigília que viu o laudo médico deste caso e apontava morte súbita em decorrência de susto violento. Depois tiveram os casos de 80 vítimas atendidas pela Drª Wellaide, entre elas duas mulheres apresentavam queimaduras, orifícios sobre a região mamária e outros exames que ela mesma havia realizado.” O estudo das vítimas ainda não foi feito, além do que as condições precárias do posto de saúde exigem uma pesquisa em Colares mesmo, para levantar o numero aproximado de vítimas, bem como de pessoas contatadas por outras formas de comunicação, o que poderia caracterizar um contato de massa”.

A Operação Prato foi então a missão militar enviada para investigar esses múltiplos e numerosos eventos ufológicos, que passaram a se concentrar de maneira aterradora na ilha de Colares, Mosqueiro e Vigia, no estado do Pará, entre setembro e novembro de 1977, dentro de um contexto de avistamentos e contatos que já vinham acontecendo desde o início da década a partir do Ceará, Piauí, Maranhão, e Pará, onde foram sistematicamente observados e registrados, gerando os documentos recentemente liberados.

A natureza violenta desses fenômenos – no momento histórico da ditadura militar no país, com a repressão à guerrilha do Araguaia – levou os militares da Operação Prato a levarem armamentos pesados e diversos equipamentos. Esperavam encontrar lá, não discos-voadores, mas a tentativa de infiltração de guerrilheiros no norte do Brasil. A equipe militar foi convencida pela própria investigação de que estavam diante de algo totalmente fora de qualquer expectativa, confrontados com a ação de uma tecnologia inexistente em nosso planeta, àquela época e ainda hoje, provavelmente de origem extraterrestre.

Foi uma missão sigilosa, cuja existência foi negada pelo governo militar de então e pelos governos subsequentes à redemocratização do país. A enormidade e multiplicidade dos eventos foram igualmente desacreditadas para o grande público, pejorativamente apelidados de “chupa-chupa”, sendo logo esquecidos após o momento sensacionalista. Digo para o resto do país, porque as manifestações ufológicas nunca pararam de acontecer na região. Mudou a maneira de operar. Os avistamentos continuam, mas de maneira mais retraída e discreta, não investindo mais agressivamente as pessoas.

A maneira como a Operação Prato foi sumariamente encerrada pelas Forças Armadas Brasileiras acrescenta outra característica única ao caso: foi abortada porque os militares, diante da maneira incrédula como seus próprios companheiros de farda recebiam as notícias sobre as investigações, decidiram responder ao que interpretaram como tentativas de contato da inteligência desconhecida que atuava ali. Estavam dispostos a ir até o contato final. Quando o Capitão Hollanda preveniu seus superiores dessa decisão, foi sumariamente proibido de prosseguir com o propósito e a Operação terminou no dia seguinte à entrevista.  

Que consequências devemos tirar da declaração do também grande ufólogo, pesquisador da primeira hora e até hoje estudando o assunto, e um dos responsáveis pela liberação dos documentos da OP, Ademar Gevaerd, ao dizer, no programa Linha Direta de 30 de setembro de 2013, que a Operação Prato foi a “única ocasião documentada em que as forças armadas de um país esteve envolvida diretamente num processo de aproximação, identificação e possível contato com seres não terrestres, não humanos, procedentes de outras partes do universo.” O que significa para  a Ufologia a liberação de documentos dessa natureza?

Os Documentos Oficiais

As investigações da Operação Prato geraram 2000 documentos, 500 fotografias e 16 filmes, segundo declaração do comandante da operação, o então Capitão Uyrangê Hollanda.  Foram liberadas apenas algumas centenas de documentos e fotografias, mas todos os filmes desapareceram. Hoje é tido como certo pelos pesquisadores que esses foram enviados para os EUA.

Documento: Outras fotografias avulsas, incluídas nos documentos da Operação Prato.

Origem: Força Aérea Brasileira.

Mesmo sendo apenas uma pequena parte dos documentos gerados, o que esses documentos já colocam como desafio ao pesquisador é enorme! A leitura dos documentos acompanhada das fotos e croquis é quase como a projeção de um filme espetacular! Desenrola diante dos olhos fatos espantosos e desconhecidos, pois o fenômeno Ufo deixa observar aí  todas as suas facetas.

Primeiramente, esses documentos são provas materiais da realidade dos fenômenos ocorridos. As múltiplas observações são registradas sob forma de relatos verbais, fotografias e croquis, o que torna esses documentos um conjunto raro e único de observações ufológicas diversas registradas com a mesma metodologia. Essa multiplicidade de eventos aterradores teve a abrangência que se pode ver abaixo, no mapa de Hélio Amado R Aniceto.

Mapa acima extraído de Wikipédia, Operação Prato.

E brilharam no céu com a frequência abaixo, durante dez dias, segundo o RSC, Relatos e Observações 1977.

Documentos Oficiais da Operação Prato.

Contato

A diversidade dos acontecimentos nos leva a examinar mais de perto a natureza do contato engajado entre uma suposta inteligência extraterrestre e as populações da região de Colares. Reconhecemos também, pela leitura dos documentos, uma diversidade de formas de comunicação, como por exemplo, troca de sinais luminosos e telepatia, até avistamento de seres. Então, temos relatos, fotos e croquis de tudo isso como testemunha de um grande projeto de uma, ou várias, inteligências, que supomos extraterrestre, visando o estudo das populações ribeirinhas.

Essa é uma das questões que devem ser examinadas nos documentos, de saber se foi uma, ou várias inteligências que interagiram ali. Essa parece ter sido a conclusão de pesquisadores, como Vitório Peret. Ele sustenta que a diferença de modo de operação evidencia inteligências diferentes engajadas em um projeto comum de investigação da população humana.

Foram identificados pela missão militar nove objetos diferentes. O mais interessante é que a multiplicidade de objetos avistados vai de par com a grande incidência de uma forma de contato, que poderíamos chamar de “contato mecânico”, isto é, o contato com o que supomos serem experimentos científicos com o objetivo de estudar as populações ribeirinhas. Esses “contatos mecânicos” deixaram sequelas visíveis e documentadas. Nenhum exame detalhado dos objetos, suas funções e as marcas que deixaram, foi ainda feito nos documentos oficiais. Por incrível que pareça, os documentos da Operação Prato talvez seja o único registro na casuística mundial de objetos diferentes engajados em experiências científicas, e registrados com a mesma metodologia. É um estudo fundamental para colhermos mais elementos sobre a questão sempre recorrente em Ufologia: o que eles querem de nós?

Outra forma de contato, ainda dentro da lógica de estudo de uma população humana, são as abduções. Não há nos documentos liberados registro de nenhum relato direto de abdução. Temos, porém, vários indícios de que isso ocorreu, como no depoimento de Paulo César dos Santos (Jornal O Estado do Pará, 10/11/77, Documentos Oficiais): “Eu estava na sala da minha casa assistindo televisão, quando em dado momento senti necessidade de ir à cozinha. Foi quando vi uma luz azulada entrar pelas frestas da casa, tentando me levar para o espaço. Fiquei bastante apavorado com o que via. Comecei a gritar pedindo socorro. Minha mãe que estava na residência de um vizinho, quando escutou meus gritos, veio correndo pensando que fosse ladrão. Me vendo quase sem fala ela correu para o quintal e também teve a mesma sensação que eu tive e viu a luz azulada que lhe encadeava, querendo puxar-lhe para o espaço, como um imã.” A luz azulada parece estar quase sempre associada à abdução, e seria bem interessante verificar nos documentos se é sempre assim, e se essa mesma luz encontra-se em outro tipo de contato, por exemplo.

Vendo televisão, deitado na cama, acendendo a luz da cozinha, ou simplesmente andando na rua, as atividades quotidianas da população dessa região do Brasil foi modificada pela interferência massiva do fenômeno Ufo. Houve contato com indivíduos, mas também com quase toda a população.

Segundo os depoimentos, impressionantes, as relações sociais foram modificadas para a população se defender mutuamente de bolas luminosas de tamanhos variados, sobrevoando a baixa altitude a pequena cidade, até naves, também à baixa altitude, como que procurando certos moradores. A invasão de privacidade era tamanha, que essas luzes entravam pelas frestas dos telhados e janelas das casas, para atingirem as testemunhas no interior das habitações.

A população inteira juntava-se em três casas ou na igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Rezavam, cantavam canções religiosas. Na rua, soltavam morteiros e rojões para afugentar os fenômenos. Essas ações da população foram relativamente eficazes, afastando muitas vezes os eventos, o que evidencia uma comunicação da inteligência atuante com a população como um todo. Essa é uma questão importante para entendermos melhor a natureza do contato que foi feito ali.

Além disso, temos outra dimensão da questão, também recorrente em Ufologia, de saber se o contato será com autoridades constituídas, tipo “levem-me a seu líder”. A Operação Prato foi um momento histórico perdido de contato entre seres de outro planeta e as autoridades humanas constituídas do nosso país?

Vamos voltar à entrevista histórica feita por Ademar Gevaerd e Marco Antonio Petit com o Cel. Hollanda, verdadeiro fio condutor para quem estuda a Operação Prato.  Marco Antonio Petit pergunta à Uyrangê Hollanda: “Vocês chegaram a perceber algum tipo de interação entre o que vocês estavam fazendo e o próprio fenômeno?” Uyrangê responde: “Essa pergunta é muito interessante. À nós parecia que eles tinham absoluta certeza de onde nós estávamos. Eles não procuravam não. Eles estavam em cima da gente. Depois de algum tempo em que nós estivemos lá, depois de um mês, as coisas vieram em cima da equipe, eles sabiam o que a gente estava fazendo. Você podia se deslocar: estava aqui, ia para outro lugar, é para lá que eles iam. Como se eles tivessem conhecimento da nossa movimentação. Sabiam com segurança onde estávamos e o que estávamos fazendo.”

Houve ainda numerosos momentos de comunicação entre os fenômenos e a missão militar. O Cel. Hollanda conta um desses, que parece ter sido de ordem telepática: “Veja bem: nós tivemos a informação de que na ilha de Mosqueiro, num lugar chamado Baía do Sol, estavam acontecendo coisas. A Baía do Sol é muito próxima de Colares, é uma outra ilha. Tem o Canal da Laura, entre Mosqueiro e Colares. Como estávamos investigando tudo, nos dirigimos para a Baía do Sol. Eu sempre era questionado pelos agentes, que tinham mais fé do que eu de que aquilo estava acontecendo que quando cheguei lá, já peguei o bonde andando. Eles me perguntavam “mas, Capitão, o senhor não acredita em nada?”“Para mim estamos vendo muita coisa que precisamos saber o que é. Eu não vi disco, não vi prova que fique satisfeito.” Um deles, o oficial Flávio, até brincou comigo, dizendo “o senhor não quer que essa coisa dê uma volta em cima do senhor, acenda as luzes, só para o senhor acreditar?”Respondi que seria interessante  isso. “Apareceu uma luz, que veio no sentido norte/sul, na nossa direção, à média altura, se deteve, fez um círculo em torno e depois foi embora. Levei uma gosada da turma e o sargento perguntou, “e agora, patrão?”

Entrevista de A.J.Gevaerd e Marco Antonio Petit com Uyrangê Hollanda:

Operação Prato: Cel Uyrangê Hollanda conta tudo – 05/03/2015.

Depoimentos interessantes, relativos à transmissão de conhecimento, foram recolhidos pelo grupo Ufologia Amazônica, em recente viagem de pesquisa a Colares. Duas das testemunhas entrevistadas, que eram crianças à época e pediram sigilo quanto a seus nomes, foram na idade adulta estudar física, a outra biologia, para entenderem os acontecimentos que vivenciaram então. Acreditamos que muitas outras pessoas tenham sido tocadas pelo desejo de saber em contato com o fenômeno Ufo, o que é outra dimensão interessante do contato. O fenômeno incita as pessoas a irem investigar.

Esses são apenas alguns exemplos da variedade e complexidade do contato a ser investigado nos documentos da Operação Prato.

Geopolítica do Contato

A questão do contato nos leva também a examinar a política que entra em jogo nas nossas relações com extraterrestres. Primeiro, a mais antiga e conhecida, a política do acobertamento da existência de extraterrestres em nosso mundo, de modo geral. O acobertamento vem sendo liderado pelos EUA, e muito se especula sobre a ingerência americana nas atividades da OP. O Brasil teria acordos de cooperação com a investigação americana do fenômeno Ufo, pela incapacidade técnica de fazer análises laboratoriais detalhadas. Entregaria documentos em troca de financiamento para pesquisas em outros setores. Foi assim que ficamos sem os filmes produzidos pela missão militar, também, até onde sabemos, não fomos notificados sobre resultados das análises feitas eventualmente nesse material pelos americanos.

Embora o Cel. Hollanda afirme não ter conhecimento de missões militares americanas no Brasil na época da OP, muitos indícios disso aparecem na história e nos próprios documentos.

Ninguém sabe ainda ao certo, por exemplo, o envolvimento de quatro personagens enigmáticos: o Padre Alfredo de La Ó, pároco de Colares, americano, andava armado e possuía equipamentos de alta tecnologia para a época; Elisabeth B. Queminet, a misteriosa mulher da Ilha do Meio, desaparecida como por encanto das mãos da polícia, depois de ser interpelada por vários acontecimentos estranhos na região; o astronauta americano Fred E. Coattes, que deixou um cômodo de sua casa com as paredes cobertas de fórmulas, que resta a definir se são matemáticas, físicas ou biológicas, ou qualquer outro tipo de notação criptográfica, além de assinaturas de pessoas; e o ufólogo, também americano, Bob Pratt, cuja presença era notada na região, logo que os fatos mais significativos aconteciam. A ação desses quatro personagens é no mínimo intrigante, e sua presença em Colares no momento da Operação Prato precisa ser mais bem estudada e esclarecida. Filme de espionagem e ficção, só que de verdade.

Os documentos trazem vestígios de que essa ingerência americana pode ter sido efetiva. Encontramos um relato da testemunha do avistamento de um ser, presumivelmente extraterrestre, traduzido em inglês, à mão, no próprio documento, sugerindo uma pressa em comunicar o ocorrido aos americanos?

Toca ainda a questão política, saber se os fenômenos eram ou não eram hostis. Foram experienciados pelas testemunhas como eventos de extrema hostilidade e violência. Vitório Peret pondera que as evidências demonstram que as luzes e objetos criavam uma situação de pânico, propícia para a extração de sangue e talvez de algum outro fluido ou energia que nós mesmos desconhecemos da nossa biologia. Mas que, passado o susto e as sequelas eventuais, a pessoa retomava seu tônus habitual. Em sua opinião, se as luzes quisessem realmente fazer algum mal, pela sua superioridade tecnológica, teriam aniquilado os humanos de Colares.

Foto: Wagner Santana.

Hoje, pesquisadores como Vitório Peret e Armando Monteiro, bem como a própria população da ilha, concluem que os acontecimentos registrados pela missão militar eram atividades relacionadas à instalação de uma ou várias bases subaquáticas extraterrestres, nessa região onde existiriam um ou muitos portais de comunicação com mundos interestelares ou interdimensionais. Se eles estavam se instalando ali, o conhecimento das populações ribeirinhas, o teste de diferentes formas de contato, e tudo o mais que exibiram, começa a fazer todo o sentido. Estariam se instalando em nosso mundo? Após o paroxismo dos eventos, eles continuaram e continuam acontecendo, de maneira bem mais distante e discreta. Uma vez instaladas as bases subaquáticas, as luzes entraram na paisagem, embora sejam sempre percebidas pela população como extraterrestres e não humanas. Estão na paisagem quotidiana, mas não fazem parte dela. A população nunca se acostumou realmente com as luzes, mas convive hoje com elas, de maneira bem mais pacífica do que no passado. Estudar sua atividade através dos documentos é colher conhecimento sobre o que precisaram conhecer sobre nós no momento dessa instalação. Várias formas de contato foram colocadas em execução, em Colares e sua região.

A inteligência por trás do fenômeno respondeu ao pensamento dos observadores, caracterizando uma vontade evidente engajada no contato. Membro ativo da Comissão Brasileira de Ufólogos, que obteve a liberação dos documentos, perguntei então a Marco Antonio Petit se os registros da OP poderiam trazer informações que queriam nos comunicar, com seu exibicionismo quotidiano. Ele me respondeu que os extraterrestres “sabiam perfeitamente que estavam sendo documentados. Mais do que isso: agiram explicitamente para serem documentados das mais variadas formas, e com os mais diferentes equipamentos. Mas esse aspecto se restringe à colaboração para geração dos filmes, fotos, gravações contendo sons emitidos pelos UFOs, etc.” Sem sombra de dúvidas, os documentos liberados são o resultado dessa interação,  e saber disso é um convite ao estudo desses registros.

O fenômeno Ufo é impalpável por natureza, mas continua sendo registrado há quase quarenta anos na região. A Ufologia brasileira está então numa interessante e desafiadora situação epistemológica: possui o que podemos chamar de “provas” da existência real do fenômeno – na medida em que os documentos resultam de uma missão oficial do governo brasileiro –, além de refletirem a interação dos Ufos no seu próprio registro, o que nos permite supor que os documentos tragam algum tipo de transmissão de conhecimento.

Colares hoje

As testemunhas do Maranhão me levaram a estudar a Operação Prato e, em consequência disso, ao privilégio de entrevistar longamente Vitório Peret, um dos maiores ufólogos brasileiros, figura humana incomparável pela generosidade meio maneira com que compartilha seus conhecimentos. Um dia o Peret me diz que estava indo fazer vigília em Colares, se eu queria ir também. Disse que sim, na mesma hora! Preparando a viagem, conversava com um amigo ufólogo que me perguntou se estava apreensiva. Só então me dei conta de que estava prestes a embarcar numa aventura inusitada, que poderia me confrontar com acontecimentos muito além da minha própria imaginação.

Lembrei então das três vigílias ufológicas que fiz em Itaipu, nos encontros do Fórum Mundial de Ufologia. Duas conduzidas por Marco Antonio Petit e Toni Inajar, e a terceira por Carlos Odone. Essas referências me mostraram que estava meio fora do eixo que é preciso ter para integrar favoravelmente uma vigília. Fui conversar com Toni Inajar, que me deu todas as dicas indispensáveis, com um pequeno tratamento de choque, ao me dizer para estar preparada, caso fosse necessário me defender, quer de humanos, quer de extraterrestres!

Foram quatro dias mágicos em Belém. Descoberta de uma civilização, de um outro país sendo puro Brasil. Aventura conduzida pelo querido amigo Walcyr Monteiro, grande escritor e folclorista paraense, com quem compartilhei longas conversas, taças de vinho e a maravilhosa culinária paraense. E Belém era só festa junina e apresentação do teatro popular, chamado “Pássaro”, opereta cômica. Talento, graça e beleza.

Encontrei o que iria descobrir ser o grupo “Ufologia Amazônica” na igreja do Círio de Nazaré, em Belém, de onde partimos rumo a Colares. Conheci então outro grande pesquisador, o empresário paraense Armando Monteiro, também já há quase quarenta anos estudando a Operação Prato e seu grande divulgador, pois vem produzindo vídeos interessantíssimos sobre os diferentes aspectos da missão militar e registrando desde então os eventos ufológicos na região. Saindo de Belém, pegamos o premiadíssimo fotógrafo Wagner Santana, que tem uma intimidade particular com os fenômenos, já que sua mãe foi perseguida pela luz, e ele vem fazendo o registro fotográfico de suas próprias experiências.

A partir daí, a conversa foi só Ufologia. Logo nos reconhecemos como “primos”, numa viagem de estudo e pesquisa, mas também muito divertida! Cinco minutos de travessia do rio Guajará-mirim, margeado de uma nesga de areia e da floresta amazônica, verde e densa, e chegamos ao arco de entrada, que dá as boas-vindas a Colares. A beleza arrebatadora da ilha brilhava ao sol em todos os tons de verde, de terra vermelha, das árvores amazônicas, que não conhecia, e fizeram vibrar a nota indígena ancestral. “Tajapanema chorou no terreiro, Tajapanema chorou no terreiro … o boto não dorme no fundo do rio …”, fui cantarolando Waldemar Henrique, tudo o que sabia do Pará, até que a civilização viesse encher os sentidos, como uma visagem colorida. O estado do Pará é uma civilização. Quase outro país, tal a força da identidade cultural cabocla. Essa identidade é cuidadosamente cultivada pelos paraenses, que amam sua maneira particular de viver.

Chama a atenção, por exemplo, o feliz descaso que os paraenses em geral, e o povo de Colares em particular, têm pelo conforto material. Ficamos com a impressão de que são mal adaptados a casas e móveis, como se essas coisas não correspondessem ao conforto das habitações tradicionais, de uma boa rede de algodão, da família vivendo todo mundo junto, da alta gastronomia na mesa, que trazem impresso na alma. Abandonaram aquilo que o homem moderno anseia como conforto e arte de viver em harmonia com a natureza, e não têm o mínimo conforto moderno para oferecer.

Nossa pousada era dita a melhor da ilha, também pela sua localização na praia do Humaitá, bem em frente ao suposto portal, rota dos Ufos em nosso mundo. Ficar nessa pousada é então como comprar um camarote no Sambódromo para o Carnaval carioca. Só que o dono da pousada não está nem aí com isso. Apresentou nossos quartos. O meu, no térreo. Quando abri a porta, sério que não acreditei: um lugar sufocante de mofo, com as paredes sujas e empoeiradas, uma lâmpada pendendo do teto, um ar-condicionado (tinha!) com fios desencapados, e uma cama, que me pareceu esquisita e que ficou esquisitíssima quando fui examinar de perto. Resolvi começar por higienizar tudo. Um enorme tubo de inseticida foi gasto nessa operação, junto com um spray para purificar o ar. O banheiro, porque era uma suíte, sofreu as mesmas medidas drásticas. Quando volto ao quarto, uma enorme barata andava em cima da cama!!! Única mulher da equipe de pesquisadores tive que engolir o “primos, uma barataaaaaa!!!”, pensando que se os companheiros ufólogos fossem chamados, nunca mais me admitiriam em uma vigília! Com coragem fiz a dita ir para o chão, onde despejei mais meia bomba de inseticida nela, que continuava a mexer alegremente as perninhas amazônicas. É que é lá o habitat daquela força da natureza, indiferente a tudo o que tem de mais tóxico no mercado humano.

Esse é o grande obstáculo ao desenvolvimento de um turismo ufo-ecológico, que, entretanto, parece uma evidência para o desenvolvimento econômico da ilha, que vive até hoje essencialmente da pesca. Fora desenhos e caricaturas de ETs em diversos estabelecimentos comerciais, e um bloco que sai no Carnaval com a temática extraterrestre, nada mais remete a um interesse das pessoas do lugar em desenvolver esse tipo de turismo. E Colares não tem vocação para balneário, já que suas praias são impróprias para banho por serem o habitat de arraias. Sem praia, mas com muitos rios e igarapés, em meio à beleza luxuriante da ilha. Mas faltam guias preparados que conheçam a ecologia do lugar e os eventos acontecidos ali, pois Colares vem se tornando um lugar perigoso, com uma costa mal vigiada, onde todo tipo de tráfico ocorre impunemente, e onde as precauções sugeridas por Toni Inajar podem, sim, se tornar necessárias.

Fomos então acompanhados por Eden para a vigília na Praia do Machadinho. No caminho, lembrando a vigília com Carlos Odone, procurei entrar num estado meditativo. Chegamos ao final da tarde, o verde da floresta já escuro, esperando a noite, o céu e o mar rajados de ouro e prata. Árvores retorcidas plantaram suas poderosas raízes na areia, emprestando um ar insólito e misterioso à paisagem de outro planeta. O estado meditativo é estranhamente propiciado pela própria estranheza do lugar. Nada escapou ao olhar de Wagner Santana, que fez fotos emblemáticas do lugar, nesse crepúsculo especial de vigília.

Foto: Wagner Santana.

Após uma leve chuvinha fina, as nuvens se abriram bem em cima de nós, deixando à vista a profundidade do belíssimo céu de Colares, coalhado de estrelas. Vimos luzes com comportamento diferente, muito ao longe porém, mas pudemos descartar satélites, estação internacional, e outros objetos celestes através de aplicativos. Muitas vigílias virão.

Ufologia Amazônica

Foto: Vitório Peret, Grupo Ufologia Amazônica, Armando Monteiro, Vitório Peret, Lallá Barretto e Wagner Santana.

Todo o trabalho que viemos expondo ao longo deste artigo foi realizado em equipe, pelos pesquisadores do grupo Ufologia Amazônica, de Vitório Peret, Armando Monteiro e Wagner Santana, que tive a grande sorte de integrar de maneira permanente a partir da viagem.

Nesta ocasião, o grupo Ufologia Amazônica fez uma entrevista inédita com o senhor Rosil Aranha de Oliveira, barqueiro e guia do Capitão Hollanda, que nunca concedeu entrevistas, aconselhado pelo próprio comandante da missão, para evitar problemas para ele próprio e sua família.

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Esta entrevista já se encontra disponível para a comunidade ufológica no site Ufologia Amazônica. E, também , outra entrevista inédita com o ufólogo Daniel Rebisso Giese, pioneiro das investigações sobre a Operação Prato, mas há muito afastado da Ufologia.

Lallá Barretto entrevista Daniel Rebisso, 2017.

A viagem teve também o efeito de revelar nossa criatividade. Cada um de nós voltou com novas perspectivas de estudo e pesquisa, sobre os diversos aspectos da Operação Prato, que colocaremos à disposição de todos na medida em que forem sendo elaborados. E aproveitamos para convidar todos os pesquisadores interessados na Operação Prato a integrarem nosso grupo de pesquisa sobre um dos maiores acontecimentos ufológicos do planeta.