Por milênios, aqueles que testemunharam ou conviveram com a imensa gama de manifestações do Fenômeno UFO criaram histórias para explicar aquilo que viam e não entendiam. Os fatos contados pelas lendas e pelos mitos é, em muitos casos, também a história dos UFOs em nosso planeta. Obviamente, para se entender melhor este complicado assunto, é fundamental se conhecer o que é um mito e como ele se forma.

Quando, no final da década de 60, o livro Eram os Deuses Astronautas? [Melhoramentos, 1969], de Erich von Däniken, chegou às prateleiras do mundo e tornou conhecidas de todos as teorias que eram de conhecimento de apenas alguns, as pessoas se maravilharam e muitas passaram a olhar para as histórias do passado com outros olhos — aquilo que era visto como lenda e mito passou a ganhar contornos de realidade e as carruagens dos deuses passaram a ser vistas como sinônimo de naves espaciais.


Obviamente, para se entender melhor este complicado assunto, é fundamental se conhecer o que é um mito e como ele se forma, e este também é um assunto complicado. Há muitas definições e interpretações diferentes sobre sua formação, mas, grosso modo, e em linguagem simples, mitos são histórias ou narrativas que visam explicar fenômenos naturais ou situações de vida para os quais não há uma explicação lógica satisfatória. A linguagem utilizada é normalmente simbólica, muitas vezes poética e contém traços culturais do povo que a criou.


Por outro lado, se levarmos em conta o que dizia Joseph Campbell em seu livro O Herói de Mil Faces [Cultrix, 1993], que todas as histórias são a mesma, apenas contada de formas diferentes, podemos encontrar o fio condutor delas e, quem sabe, desvendar o mistério que levou à sua criação. Mas o que tudo isso tem a ver com nosso entrevistado desta edição? Absolutamente tudo! Antonio Pedro da Silva Faleiro, um dos pioneiros da Ufologia Brasileira, é também o autor de UFOs no Brasil: Misteriosos e Milenares [Biblioteca UFO, 2002. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br], uma obra que é a pedra fundamental dos estudos de Ufologia ligados à ciência antropológica.

De Minas Gerais para o mundo

Nascido na cidade de Passa Tempo, no sul de Minas Gerais, Antonio Faleiro começou seu caminho dentro da pesquisa ufológica em 1952, com apenas 11 anos, e em 1957, acompanhando seu pai Antonio de Souza Faleiro, também um apaixonado pelo assunto, teve seu primeiro avistamento. Nosso entrevistado tornou-se investigador de campo de campo em 1978 e não foram poucos os avistamentos que teve ou os acontecimentos que pesquisou. Levando-se em conta que até a década de 90 não se podia contar com recursos digitais e que a comparação de casos exigia muita leitura e dedicação, Faleiro debruçou-se com seriedade sobre o assunto e seu trabalho alcançou destaque dentro e fora do Brasil.


Em 1982 construiu em sua cidade o Observatório Ufológico Antonio de Souza Faleiro, em homenagem ao seu pai. É também patrono do Observatório Anfal, que traz o seu nome, em Morro do Ferro, também em terras mineiras. Já publicou diversos livros e foi o autor dos primeiros CDs sobre Ufologia no país, cujos títulos são ETs no Brasil e OVNIs no Folclore Brasileiro. Em 1970 foi um dos colaboradores civis do Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani), órgão criado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para investigar objetos voadores não identificados.


Faleiro é também mágico amador, ilusionista e hipnotizador, atividades que lhe abriram as portas para diversas apresentações em shows, TVs, teatros e escolas — o pesquisador publicou livros e reportagens sobre a arte mágica no país e exterior. Em seu currículo constam as profissões de funcionário público, professor de música e maestro da Lira Nossa Senhora da Glória, da cidade de Passa Tempo, composta
por 35 membros.

Ocultos pelo folclore

Freud dizia que o folclore traduz a memória inconsciente do homem e Faleiro revelou uma dimensão desconhecida do folclore brasileiro, mostrando-o como uma produção mental vinda de testemunhas de eventos ufológicos reais. O Saci Pererê, o Curupira, a Mãe do Ouro e a Mulher de Branco, por exemplo, seriam todos figuras elaboradas mentalmente, com as características visuais e de comportamento de diferentes objetos e seres observados por milhares de testemunhas ao longo da nossa história. Essas criações mentais serviram para dar sentido e explicar experiências ufológicas de forma a torná-las palatáveis e compreensíveis às testemunhas — serviram como filtro de proteção para vivências de avistamentos e contatos com luzes, naves alienígenas e seus tripulantes.

Nosso entrevistado foi o primeiro a fazer a ligação entre folclore e Ufologia no Brasil, e essa abordagem foi fruto de alguns fatores importantes, como a grande quantidade de avistamentos que o autor teve na região em que reside e o pequeno número de testemunhas que se apresentavam para relatá-los. Faleiro imaginou que se ele e alguns amigos estavam sendo testemunhas de UFOs, provavelmente outras pessoas também estavam, e possivelmente há muito tempo. Assim, começou a pesquisar junto aos moradores das áreas rurais, inicialmente em torno da cidade de Passa Tempo, perguntando às pessoas se elas tinham experiências ligadas a discos voadores ou extraterrestres para relatar.

As sondas ufológicas que geram mitos folclóricos se aproximam e chegam até a entrar em casas espalhadas pela zona rural. (crédito: EDITORIA DE ARTE)

Contrariando aquilo que o pesquisador esperava, ninguém tinha casos para descrever. Intrigado, Faleiro decidiu mudar a pergunta e passou a questionar as pessoas sobre “histórias de fantasmas” e outros “seres sobrenaturais”, e foi então que os relatos passaram a fluir. “As pessoas conheciam o fenômeno, mas davam outro nome a ele, ligando-o a antigas lendas e tradições, não à Ufologia”, explicou nosso entrevistado. E isso não aconteceu apenas no Brasil — muitos pesquisadores ufológicos ao redor do mundo também constataram o mesmo que Faleiro, ou seja, que pessoas que moravam em zonas rurais, principalmente antes do advento da internet, nomeavam os fenômenos ufológicos utilizando imagens de seu folclore.

Sincero em suas opiniões e dono de um enorme conhecimento sobre a casuística ufológica brasileira e mundial, o pesquisador precisou se aprofundar, e muito, nos estudos feitos sobre o folclore brasileiro para compreender aquilo que ouvia das testemunhas. Essa pesquisa resultou em um grande volume de casos que remontam aos tempos anteriores à chegada do homem branco, mostrando que nossos índios também conheciam e conviviam com o Fenômeno UFO. Na entrevista a seguir conheceremos melhor o pesquisador e seu fascinante e atemporal trabalho.

Lallá Barretto: Antes de se tornar um dos maiores estudiosos brasileiros do Fenômeno UFO, o senhor teve numerosos contatos. Poderia nos contar como se tornou pesquisador?

Antonio Faleiro: Claro. O que aconteceu foi que meu pai sempre gostou do assunto. Um dia, em 1957, eu estava aprendendo a tocar violino e praticando na varanda lá de casa na companhia dele. De repente, ele estando no alpendre, me chamou e disse: “Vem ver isso aqui!” Corri e vi um UFO passando atrás da igreja. Era uma bola de fogo gigantesca. Esse foi meu primeiro avistamento. Depois tive muitos outros. Por exemplo, em 1970 vi uma nave-mãe durante o dia. Ela seguia do norte para o sul. Era uma bola gigantesca e multicolorida, com um alo azulado para cima e para baixo. Em outra ocasião, em uma noite no começo dos anos 70, vi uma nave-mãe soltando uns discos pequenos.

LB: Antonio Faleiro começou sua pesquisa ufológica em 1952, com apenas onze anos, e em 1957, acompanhando seu pai, Antonio de Souza Faleiro, também um apaixonado pelo assunto, teve seu primeiro avistamento, de muitos que ainda viriam.

E foi então que o senhor decidiu pesquisar o assunto?

AF: Na verdade, não. Antes de me tornar ufólogo, em uma ocasião, enquanto estava construindo a minha casa, estava conversando com um senhor e de repente ele falou: “Uai, passou um negócio lá no céu agora”. Olhei e vi um objeto e depois veio outro vindo do norte em linha reta. Quando chegou no meio do céu, fez uma manobra de 90° e rumou para o leste. Depois vieram mais sete — ao todo foram nove UFOs que seguiam a trajetória norte-leste. O avistamento ocorreu durante o dia. Isso foi em 1974 ou 1975. Mesmo assim, eu não era um aficionado por Ufologia. Lia alguns trabalhos, alguns livros, mas não era muito ligado no assunto.

LB: Os primeiros avistamentos não foram conclusivos para o senhor?

AF: Não foram porque eram objetos muito pequenos. Esses últimos eram do tamanho de uma moeda, mas eram UFOs e todos fizeram o mesmo trajeto, vindos do mesmo lugar.

LB: O senhor se tornou ufólogo impulsionado por alguma experiência ufológica em particular?

AF: Sim. Em 1978 vi um UFO durante o dia passando por cima da nossa cidade. Era um disco redondo semelhante a um prato cinza que voava lentamente sobre a cidade, sem produzir ruído algum. Todo mundo que estava na pracinha viu. Como não existia nada na Terra que voasse sem ruído, aquilo era uma coisa fantástica. Teria em torno de 15 a 20 m de diâmetro e estava alto. Do meu ponto de vista ele era algo um pouco maior do que o pneu de um carro. Passei a mão em uma máquina fotográfica e bati umas 10 fotos. Aí meu pai disse que estava perdendo meu tempo, porque não tinha filme na máquina. Perdi as melhores fotos que poderia ter feito…

LB: Foi então que tudo mudou?

AF: Sim, porque então eu não tinha mais dúvidas. Eu já sabia que UFOs visitavam a Terra e aquele avistamento afirmou ainda mais a convicção. Naquele momento me tornei pesquisador, porque fui atrás do fenômeno e me interessei em saber mais. Comecei a perguntar às pessoas se elas já tinham visto um disco voador, mas elas respondiam que nunca tinham visto nada. Foi aí que pensei que a pergunta estava errada. Passei, então, a perguntar se já tinham visto “alguma assombração” ou “fantasma”. Aí as pessoas começaram a contar seus casos, que eram, na realidade, acontecimentos ufológicos. Passei a fazer um estudo sobre isso, que resultou na ligação entre os UFOs e o folclore, as lendas, assombrações e mitos. Depois escrevi o livro UFOs no Brasil: Misteriosos e Milenares [Biblioteca UFO, 2002. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. Foi também em 1978 que vi, pela primeira vez, um UFO pousado.

LB: Por favor, conte-nos sobre isso.

AF: Bem, o avistamento aconteceu na noite de 02 de outubro daquele ano, em um local chamado Primavera. Na ocasião eu estava na companhia dos jovens Edward e Gilberto Maia e do doutor Ademar Rodrigues. Nós ficamos até às 02h00 da madrugada no topo de uma pequena elevação, mas, como não estávamos vendo nada, decidimos voltar para a cidade. Já meio desanimado, ao descermos um morro vimos, em uma serra distante, para minha surpresa, um clarão azulado muito forte. Paramos o carro e passamos a observar o fenômeno — de repente, dele saiu uma luz avermelhada que desceu em direção a um terreno onde horas antes havia sido feita uma queimada. Pouco depois, outra luz avermelhada abaixou em linha reta, sumindo atrás de uma elevação. A seguir vimos novamente uma luminosidade azulada sair do clarão e voar para o espaço — a primeira delas voou até a queimada e retornou em uma velocidade espantosa. Não tivemos dúvida alguma de que se tratava de um UFO.

Qualquer fonte de luz vista na escuridão de áreas rurais suscita, por suas características, o surgimento de lendas folclóricas, que logo se espalham. (crédito: ANTHONY CHOY)

LB: Vocês foram verificar?

AF: Não. Como ainda não tínhamos prática em vigílias, não podíamos localizar o lugar exato do pouso do objeto, já que a noite estava muito escura. Ficamos ali algum tempo a observá-lo, mas eu e os três rapazes estávamos com medo e decidimos voltar para a cidade. No dia seguinte retornei à região do avistamento, estacionando o carro no mesmo ponto da noite anterior. Localizei o lugar do pouso, denominado Volta Fria, próximo a uma mata. Fui até lá, mas não encontrei nenhuma marca na vegetação. Era uma localidade tida como mal-assombrada. Nas noites que se seguiram, fizemos vigílias e vimos por uma semana seguida uma sonda ufológica que surgia em um matagal próximo. No entanto, por se tratar de uma mata nativa, muito fechada, não havia condições de entrar ali, ainda mais em razão da existência de cascavéis.

LB: Então o senhor teve também experiências com sondas ufológicas?

AF: Sim. Alguns dias depois desse avistamento que citei, em 11 de outubro, às 22h00, tive outro contato juntamente com meu pai, Maurílio Ferreira, Carlos Andrade e o motorista do carro, de nome Zé. Daquela vez, vimos um UFO em forma de farol amarelado teleguiando uma sonda avermelhada, no fundo de uma grota. A sonda surgiu na nossa frente, vinda da direção da Serra da Guarita. Atrás dela estava o UFO, que emitia uma luz que clareava a região na parte de baixo, sem que sua luminosidade se expandisse. Ambos pararam no fundo de uma grota e ali a sonda passou a se movimentar em várias direções, sempre voltando para perto da nave maior. Após alguns minutos de observação, resolvi piscar os faróis do carro e as luzes se apagaram. No outro dia, fui ao local junto com meu pai e pudemos comprovar que as luzes estavam pairando por cima de um barranco. Naquela região há mais de 100 anos são vistas luzes vagando à noite, segundo contam os moradores.

LB: Por favor, conte-nos mais sobre outros contatos que o senhor teve.

AF: Bem, em 30 de outubro tive outro contato com uma sonda. Eu fiquei sabendo que iam queimar uma caieira de tijolos em um local denominado Bangués e resolvi ir até lá, pois, segundo os moradores rurais, UFOs são atraídos por queimadas de mata e queimas de tijolos. Fui de motocicleta, já que o local era próximo da cidade. Conversei com os encarregados, que já estavam ateando fogo à caieira, para observarem atentamente os topos de serras. Mais tarde eu voltaria, pois estava de serviço no ginásio onde trabalhava como secretário. No momento em que retornava à cidade, vi um clarão amarelado no alto de uma serra próxima à estrada. Parei a motocicleta e, de repente, uma luz avermelhada desceu a serra velozmente, parando no meio de montanha. Em seguida surgiu uma luz no meio daquele clarão, que, com uma velocidade fantástica, veio até perto da estrada. A luz aumentou de intensidade e emitiu um facho que clareou toda a pista, podendo se ver até uma agulha, se uma fosse jogada ao chão. Quando percebi aquilo, entrei em pânico. Empurrei a moto morro abaixo, liguei-a e parti o mais rápido que pude. Cerca de 100 m depois notei que o farol estava apagado. Cheguei ao ginásio e chamei outras pessoas para voltarem comigo à localidade, mas infelizmente nada pudemos ver.

LB: Todos esses avistamentos ocorreram em 1978? O senhor documentou algum deles?

AF: Foi um ano de muitos avistamentos, realmente. Muitos deles ocorreram sobre as serras, onde luzes amarelas, vermelhas e azuis foram vistas em diversas ocasiões. Não documentei os de 1978, mas consegui fotografar um avistamento que tive em 1980.

LB: Por favor, conte-nos a respeito.

AF: Bem, tudo começou quando, em 14 de junho de 1980, fui fazer uma vigília e seguia de moto pela Rodovia MG-270. No caminho encontrei o jovem Noé Resende, que ia para a fazenda de sua noiva e lhe ofereci uma carona. Eram 19h00 quando nós paramos no entroncamento da estrada que ia para a dita propriedade e ficamos observando o céu. De repente, vimos um clarão que se parecia com um grande leque esbranquiçado surgir em uma serra próxima — pouco a pouco aquilo foi subindo e tornou-se uma nuvem perfeitamente circular, com uma bola escura no centro. O objeto tinha mais de dois metros de diâmetro, o que me fez pensar em uma nave-mãe. Naquele momento peguei a câmera e fiz algumas fotos rápidas. Na última, dei um tempo de exposição de quase três minutos, pois o filme era ASA 75. Aquele círculo voou na direção norte e logo desapareceu. Mandei revelar o filme em Belo Horizonte, já que onde resido não existia laboratório a cores naquela época. Inexplicavelmente, recebi as fotos sem nenhuma cópia. Disseram que nada havia ali…

Algumas sondas ufológicas demonstram características tecnológicas mais avançadas, como curiosos detalhes em sua estrutura. (crédito: PAULO BARAKY WERNER)

LB: Que estranho. O que o senhor fez?

AF: Eu procurei um fotógrafo conhecido e tentamos reproduzir as imagens em preto e branco, mas apenas em uma das chapas conseguimos ver algo. Podia-se notar uma bola esbranquiçada, com um leque avermelhado à sua volta, tal qual um Sol surgindo por detrás de uma serra. Ali estava uma nave-mãe. Dias depois comecei a receber correspondências de colegas do sul do país com reportagens sobre um UFO visto em 14 de junho de 1980 — era exatamente o mesmo que eu havia visto. Pouco depois recebemos uma carta da Argentina com alguns recortes de jornais e imagens do mesmo artefato. E assim ficamos sabendo que ele havia sido observado em diversos estados do sul do Brasil, como também no Chile, Uruguai e Argentina. Tempos depois, a extinta revista Manchete publicou uma reportagem sobre a aparição daquele mesmo artefato, mas fotografado na Rússia. Estávamos, portanto, diante de um avistamento internacional. Nos dias que se seguiram, houve uma grande incidência ufológica nos países citados, especialmente na Argentina e no sul do Brasil.

LB: O senhor coleciona avistamentos. Há mais algum que queira relatar?

AF: Vou contar sobre uma observação que tive no dia 03 de fevereiro de 1994, por volta de 20h40. Na ocasião eu estava fazendo um trabalho no computador, no escritório que tenho na praça central da cidade, quando alguns amigos entraram correndo, chamando por mim e dizendo que haviam visto um UFO. A princípio julguei que fosse a Lua encoberta por nuvens, mas percebi que o céu estava limpo e que ela não estava visível àquela hora. Corri até minha casa, peguei a câmera, e de carro segui para o Morro da Cruz.

LB: O que aconteceu?

AF: Naquele momento o objeto já estava bem alto no céu, embora tivesse surgido, a princípio, no horizonte. Era um pequeno círculo esbranquiçado com uma luz no centro. Acima dela, separada, havia algo como uma névoa, com mais de 80 cm de comprimento, como uma cabeleira de cometa invertida. Lentamente, todo o conjunto se movia e subia a pino, até desaparecer. Fiz algumas fotos. O UFO foi visto em dezenas de cidades mineiras, como Oliveira, Nova Lima, São Francisco de Oliveira, Belo Horizonte, Cambuquira, Varginha, Três Corações, Piracema, Carmópolis de Minas, Morro do Ferro, além de em outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Os casos ufológicos estão por toda a parte.

LB: Dentre todas essas experiências, que não são poucas, qual delas o senhor diria ser a mais marcante?

AF: Creio que o que mais me marcou foi um avistamento que tive com outro rapaz, de nome Eustáquio Ferreira, ao fazermos uma vigília. Nós havíamos nos encontrado na praça da cidade após o trabalho e, como estava muito calor, decidimos dar umas voltas de moto para ver se víamos alguma coisa, mas sinceramente eu não esperava ver nada. Tanto que sequer levei a câmera. Algum tempo após termos parado a moto, vimos uma luz vermelha sobre a serra. Eu conhecia bem a região onde estava ela e sabia que ali não havia estradas ou casas. Portanto, aquilo que apareceu li só podia ser mesmo um UFO.

Corri e vi um UFO passando atrás da igreja. Era uma bola de fogo gigantesca. Esse foi meu primeiro avistamento. Depois tive muitos outros. Em 1970 vi uma nave-mãe durante o dia. Era uma bola multicolorida com um alo azulado para cima e para baixo.

LB: O que o senhor fez a seguir?

AF: Assim que vi o objeto voador não identificado e decidi piscar a luz da moto para ele, tentando estabelecer algum contato. E, depois de algum tempo, o UFO começou a responder, piscando na mesma sequência dos sinais que eu fazia. Após alguns minutos daquela “conversa”, eu pedi a Ferreira que segurasse a moto e a acelerasse. Então postei-me em frente ao farol e ergui os braços em direção ao céu. Imediatamente o objeto começou a crescer em brilho e tamanho, até ficar com mais de um metro de diâmetro. Foi quando nós ficamos com medo, pois estávamos em um local completamente deserto.

LB: E o que vocês fizeram quando isso ocorreu?

AF: Nós subimos na moto e fomos embora, mas antes pisquei o farol dela várias vezes na direção do objeto e fiz uma curva, retornando — fiz aquilo na intenção de mostrar aos tripulantes daquele aparelho que eu toparia um contato. E acredito que eles realmente entenderam. Eram 23h00 quando chegamos à cidade e eu deixei Ferreira em sua casa. Depois fui para a minha e guardei a moto. Abri a janela do escritório, que dava para a rua, e liguei a televisão. Minutos depois ouvi um ruído, como se fosse um cachorro pulando de cima de um muro para o solo, mas não liguei.

LB: E o UFO, o que aconteceu com ele?

AF: Ele veio atrás da gente. Bem, minha casa fica perto de um posto de gasolina, e quando estava guardando a motocicleta escutei um estouro, como se um pneu tivesse estourado.

LB: Por favor, explique melhor, isso é extraordinário.

AF: No dia seguinte encontrei-me com um conhecido de nome Perácio Silva, que me disse que um rapaz, de nome José Leão, vira um disco voador na noite anterior e que procurara Silva em estado de grande agitação. Obviamente, fui procurar pelo rapaz e então soube que por volta das 23h05, quando ele passava pelo Posto Alvorada — justamente aquele que fica próximo à minha casa —, Leão ouviu um chiado e logo em seguida um ruído, após o que surgiu próximo dele um foco luminoso no chão. O rapaz olhou para cima e viu que a luz vinha de um objeto avermelhado com bordas amareladas, que pairava aproximadamente a 100 m do solo. Apavorado, correu e se escondeu sob a marquise dos Correios, bem próximo de onde estava. O artefato, então, se afastou em direção ao leste, como uma bola de fogo. Pela descrição dada, era o mesmo UFO que nós contatamos e que, portanto, seguira minha moto.

LB: Que experiência incrível. Houve mais alguma coisa?

AF: Sim. No segundo dia minha esposa viu uma pequena bola de luz dentro de casa, que logo sumiu. No terceiro, eu estava no ginásio onde trabalhava e uma aluna pediu que eu liberasse sua turma para jogar pingue pongue, uma vez que o professor havia faltado. Eu pedi a ela que fosse acender a luz do pátio enquanto eu ia pegar a raquete e as bolinhas. Quando chegamos à porta da secretaria, ouvimos um chiado e a menina, assustada, correu para perto de mim. Olhamos para a porta do banheiro masculino e vimos um ser pequeno, baixinho e com os braços cruzados nos olhando. Eu corri para acender as luzes do pátio e voltei a olhar para o banheiro, mas já não havia mais ninguém ali. Eu pedi por um contato e eles aceitaram meu convite, mas isso é algo sério e não se pode fazê-lo sem estar preparado para o que vem — eu, claramente, não estava.

Algumas lendas do folclore brasileiro se assemelham às de outros países, como às que se referem às flotillas, do México. (crédito: ALEXANDRE JUBRAN)

LB: Interessante. Há mais algum outro caso que queira nos contar?

AF: Sim, há um episódio que ocorreu com um primo meu na cidade de São João Del Rei, também em Minas Gerais. Ele estava no Exército e certa noite, durante o plantão, precisou ir atrás dos cachorros para recolhê-los e trocar a guarda. Em determinado momento, enquanto procurava pelos animais, viu alguma coisa agachada e, pensando tratar-se de um dos cães, cutucou-o com uma vara. Naquele momento, levantou-se um ser pequeno, de aproximadamente um metro de altura e vestido com uma roupa esquisita e transparente, onde apareciam até os ossos debaixo da camisa. Vendo aquilo, meu primo armou o fuzil, preparando-se para se defender caso fosse atacado pelo estranho, mas aí o ser sorriu para ele. Meu primo logo pensou que não podia atirar em alguém que sorria para ele, e foi se afastando de costas e depois correu, assustado.

LB: Mudando um pouco de assunto, gostaria de saber o que o senhor pode nos dizer sobre o que se esconde atrás das lendas folclóricas do Brasil.

AF: Bem, temos a lenda da Mulher de Branco, por exemplo, que também é conhecida com vários nomes, como Loura Virgem, Alma Penada etc. Na verdade, acredito que as pessoas que viram este fenômeno assistiram a um objeto como um UFO emitindo um feixe de luz, que, projetado à noite, dá a impressão de ser uma pessoa flutuando. Os observadores deste fato, como não sabiam explicá-lo, o interpretaram de acordo com seu conteúdo cultural. Por isso, em cada região do país o povo dá um nome à mesma lenda. Às vezes aparece um ser que não tem as nossas mesmas características, talvez baixo, com cara feia, orelha pontuda etc, e as pessoas julgam ser uma entidade paranormal. Acredito que daí nasceram as lendas do Curupira, do Saci Pererê e outras. Uma nova interpretação para o Saci Pererê seria a de um UFO discoide rodopiando, e que, ao pousar, baixava uma haste — de dentro da nave saem seres que são considerados como sacis. Assim se formou a lenda dos antigos.

LB: Como o senhor interpreta a lenda conhecida como Mãe do Ouro?

AF: No Brasil todo existem histórias que nos falam de bolas de fogo que vagam à noite pelas regiões rurais. Na maioria dos estados essa aparição é denominada Mãe do Ouro. Quando iniciamos nossa caçada aos UFOs na região de Passa Tempo e fomos perguntar aos moradores rurais sobre a existência de fenômenos luminosos na região, eles logo nos falavam dessa entidade folclórica, contando que sempre viam uma bola de fogo voando de uma serra a outra e depois se enterrando chão adentro. Diziam ser o “ouro mudando de lugar”. Outras vezes, a bola de fogo ficava imóvel nos topos das serras e às vezes sobrevoava os povoados. Muitas pessoas chegaram a cavar em determinados lugares em busca do ouro escondido pela Mãe do Ouro, e algumas delas até chegaram a encontrar algo. Os moradores da região nos indicaram os trajetos de voo e locais por onde a bola era vista com frequência — a essa altura já sabíamos que se tratavam de UFOs, e então passamos a fazer vigílias noturnas nos locais de maior incidência do fenômeno.

LB: E vocês viram alguma coisa?

AF: Ah, sim. Pudemos observar UFOs agindo na região dezenas e dezenas de vezes, sob a forma de luz ou de bolas de fogo. Os moradores da área rural estavam certos: a Mãe do Ouro tinha mesmo lugares preferidos. A partir disso passamos a buscar mais informações sobre a lenda e acabamos por descobrir que ela se estende por todo o país, embora em algumas regiões seu nome varie. Descobrimos também que a lenda é muito antiga, remontando há pelo menos, dois séculos com esse nome e há antes da chegada dos portugueses com nomes diferentes, dados pelos índios. Como você pode ver, os UFOs estão por aqui há muito, muito tempo. Outra lenda que remonta aos índios é da Mula sem Cabeça.

LB: O que pode nos contar sobre ela?

AF: Essa é uma lenda que abrange grande parte do Território Brasileiro e que também tem suas versões em outros países. Normalmente, a Mula sem Cabeça é conhecida por ser a amante de um padre que purga seus pecados, vagando à noite e soltando fogo pela garganta. Sabemos que este é um mito muito antigo, pois o naturalista Johann Batispt von Spix e o médico e biólogo alemão Carl von Martius já falavam sobre ela em sua obra Viagem pelo Brasil: 1817 a 1820 [Imprensa Nacional, 1911]. Os pesquisadores ouviram a história da Mula sem Cabeça diretamente dos índios.

Comecei a perguntar às pessoas se elas já tinham visto discos voadores, mas elas respondiam que nunca tinham visto nada. Foi aí que pensei que a pergunta estava errada. Passei, então, a perguntar se já tinham visto ‘alguma assombração’ ou ‘fantasma’. Deu certo!

LB: Mas qual é a sua interpretação desta interessante história?

AF: Eu acredito que se trate de um UFO pousado com suportes ou trens de pouso abaixados, provavelmente em forma de tubos, o que lembraria pernas. O corpo provavelmente teria forma de fuso, afinando-se na cauda, e um holofote aceso na parte dianteira. O observador teria a impressão de estar vendo um animal sem cabeça, soltando fogo pela garganta, pois como alguém sequer vira uma lanterna na vida poderia interpretar um holofote? E esta é uma lenda que atravessa fronteiras, mostrando que cada povo criou um mito diferente de acordo com sua própria cultura para explicar a presença de objetos e luzes absolutamente fora de sua compreensão.

LB: Como foi a aceitação por parte das pessoas, quando o senhor explicava que aquilo que estavam vendo era um fenômeno ufológico e não algo sobrenatural?

AF: Não tive problemas e com o tempo acabei ficando conhecido. Sempre que alguém vê alguma coisa, as pessoas me chamam. Parece que virei um tipo de médico, porque a testemunha fica apavorada, precisa de um apoio e ninguém da família tem como explicar para ela o que lhe aconteceu — uma testemunha quer saber a razão daquilo. Assim, passei a aconselhar as pessoas que estavam nessa situação e também podia explicar que algum tipo de abdução poderia ter acontecido.

LB: Atualmente como as pessoas reagem aos avistamentos?

AF: Os fenômenos que eram considerados sobrenaturais, como “fantasmas” ou “assombrações”, hoje já são considerados como avistamentos de discos voadores, e isso em toda a região, não só em Passa Tempo, mas nas cidades vizinhas também.

LB: O que caracteriza um relato autêntico de contato com o Fenômeno UFO?

AF: Primeiramente, a testemunha. Um elemento da zona rural não tem conhecimento nenhum sobre astronomia, sobre planetas habitáveis — ele nem sabe o que é isso. Então, relata essas coisas como sendo fantásticas. Vou lhe contar uma história. Uma vez um rapazinho viu um UFO, e ele já sabia o que era, porque já havia me ouvido falar sobre o assunto. Ele correu e se escondeu em uma árvore. O objeto pousou e dele desceram dois seres, que passaram em frente à luz emitida pelo artefato. Naquele momento o menino viu os ossos dos seres, como em uma radiografia. Ele descreveu o que viu, mas não tinha a menor ideia do que fosse uma radiografia — enfim, descreveu uma tecnologia que não conhecia.

LB: Isso torna o relato fidedigno?

AF: Acredito que o relato é autêntico quando uma testemunha, que não tem conhecimento de tecnologia, começa a descrever objetos tecnológicos que se coadunam com casos ocorridos em outros locais. Por exemplo, uma pessoa desmaiou por volta das 23h25 e acordou às 04h00. O relógio dela parou exatamente no momento em que o UFO emitiu um feixe de luz sobre ela. E era um relógio antigo, de corda. Já vimos isso em outros casos e é, portanto, um acontecimento que acaba confirmando o outro. E, claro, há os efeitos físicos. Muitas vezes a testemunha fica adoentada, febril, com os olhos completamente irritados e é necessário procurar um médico. Uma vez pesquisei um caso em que a testemunha não podia sair de um quarto escuro, não podia ver claridade. A luz do UFO pareceu ter afetado seus olhos.

Tripulantes de UFOs observados sob condições extremas por pessoas supersticiosas também geram lendas que são agregadas ao folclore. (crédito: RODOLPHO RUIZ)

LB: O senhor acha que a função de desvendar a realidade ufológica por trás das lendas foi de alguma maneira orientada por essa inteligência extraterrestre, como uma forma de contato?

AF: Acho que “eles” nos induzem, como no meu caso quando descobri a ligação entre o folclore e a realidade ufológica, para divulgarmos sua presença e avançarmos em conhecimento, até que um dia se possa fazer um contato direto. Todos nós, eu, você, o editor da Revista UFO A. J. Gevaerd e muitos outros, somos todos contatados para divulgar o fenômeno para aqueles que não acreditam.

LB: Em sua opinião isso ocorre mesmo com aquelas pessoas que pesquisam o assunto, mas que nunca viram nada? O senhor acha que também elas são contatadas?

AF: Pode ser um contatado indireto, mas é um contatado. Você está fazendo esta entrevista comigo e vai divulgá-la. Estamos todos entrelaçados para divulgar essa realidade. A coisa vai muito além do que sabemos, pois somos ainda muito pequenos para entender a dimensão de algo que está espalhado pelo universo inteiro. Existem trilhões de galáxias por aí. É tudo muito superior ao que pensamos. Lembre-se que somos apenas um planetinha minúsculo…

LB: O senhor sempre pesquisou de maneira independente?

AF: Meu pai sempre gostou desse assunto. Ele comprava livros, eu lia e o acompanhava. Ele era um homem muito inteligente, tinha uma biblioteca com mais de 1.000 obras. Em 1970, ele e eu fomos nomeados pesquisadores do Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani), que era um órgão oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). Tenho até hoje as nossas carteirinhas de investigadores de campo. Pouco tempo depois o grupo acabou. Os militares da FAB nos mandavam livretos com relatórios de todo o Brasil, contendo casos fantásticos. Tomavam o relato das pessoas, faziam um boletim e o mandavam para nós. Também mandavam formulários em branco para preenchermos com os casos que pesquisávamos — a testemunha assinava o relatório e nós o enviávamos para a FAB. O Sioani existiu entre 1969 até 1972.

LB:
E o que o Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados pedia que vocês fizessem?

AF: Os militares pediam que nós detalhássemos os casos que investigávamos e nos enviavam relatórios de outros casos para tomarmos conhecimento deles.

LB:
Interessante. A Operação Prato, que também foi da FAB, comemora este ano 40 anos. O que o senhor poderia nos falar a respeito?

AF: Bem, a Operação Prato ficou muito marcada porque os militares tomaram as rédeas das investigações e foi um trabalho bastante sério, permeado por muitos avistamentos e também pelo ataque de naves alienígenas à população amazônica. Mas temos muitos outros eventos fantásticos aqui no Brasil.

A variedade de raças extraterrestres visitando a Terra, de várias procedências, ajuda a criação de múltiplas lendas folclóricas. (crédito: DOSSIER ALIENI)

LB: Após tantos anos de estudo, o senhor poderia definir as linhas gerais de sua concepção do Fenômeno UFO?

AF: O Fenômeno UFO é imprevisível, muitas vezes pegando de surpresa o observador e, em outras, deixando-o atônito com aparições e desaparecimentos de naves e seres. Issonosleva a uma tecnologia ainda não conseguida por nós. As manifestações de UFOs marcam as pessoas, pois não estamos acostumados a ver objetos voadores nas formas que eles surgem, com tamanha velocidade, manobrabilidade etc. Aqueles que já presenciaram um avistamento jamais o esquecerão, porque é algo incrível, que nos marca muito.

LB: O senhor acha que o fenômeno sofreu modificações em suas características ao longo dos anos?

AF: Não, o fenômeno ufológico vem sendo o mesmo desde tempos remotos. O que varia são as observações de naves e seus tripulantes. Veja, os contatos sempre ocorremem locais isolados e raríssimas vezes para um grande número de pessoas. Quase sempre os UFOs surgemà noite, sendo que durante o dia as aparições são menos frequentes. E desde há séculos os UFOs vêm sendo interpretados como manifestações religiosas, “assombrações”, “fantasmas”, tudo isso transformado em lendas e mitos presentes em todo o planeta. Então não, o fenômeno não mudou, ele continua consistente com aquilo que sempre foi, o que talvez esteja mudando seja nossa forma de olhar para ele.

LB: Como contatado e estudioso do assunto, o que o senhor poderia nos dizer sobre as grandes questões da Ufologia: quem são eles, de onde vem, o que querem?

AF: Não posso dizer quem são eles, mas posso supor que sejam extraterrestres, pois, se vivemos em um planeta habitável, logicamente existirão outros e deles virãovisitantes. E, indo mais longe, talvez venham até de outros universos,creio. Não podemos saber ainda de onde vêm e nem o que querem de nós, mas acredito que alguns grupos de seres nos visitem por curiosidade e que outros já convivam conosco desde os primórdios da humanidade. No entanto, estamos lidando com seres que são dotados de umatecnologia fantástica — alguns até já não usam naves para viajar, se materializam e desmaterializam onde querem. Temos uma grande variedade de tipos físicos nos visitando e ainda há muito para se pesquisar…

LB: Sua cidade, Passa Tempo, registra uma grande incidência de avistamentos. O senhor sabe por quê?

AF: Aqui tem muito minério e o subsolo é muito rico. Eu imagino que haja alguma ligação entre isso e o aparecimento de UFOs. Não creio que eles venham buscar minérios, mas que tenham algum interesse neles ou em alguma outra coisa que talvez para nós não valha nada, mas que para eles valha muito. E não é só isso: “eles” também se interessam pelo nosso modo de vida. Creio que por isso fazem manobras na zona rural, para verificar a vida do povo. Por isso eles se aproximam das casas.

LB: O senhor acredita que estes visitantes observem a maneira de viver das pessoas?

AF: Sim, creio que também estão estudando isso. E precisamos lembrar que há uma variedade muito grande de raças. Elas não estão vindo de um só planeta, mas de vários. Às vezes são de seres altos e, às vezes, pequenos. Aqui mesmo foram vistos tripulantes de três metros de altura, seres com asas, voando, entidades anãs e outras bem pequenas. Portanto, podemos imaginar que raças diferentes tenham, também, interesses diferentes.

De repente, de dentro de um fenômeno luminoso saiu uma luz avermelhada que desceu em direção a um terreno onde horas antes havia sido feita uma queimada. Pouco depois, outra luz de mesma cor abaixou em linha reta, sumindo atrás de uma elevação.

LB: E quanto à tecnologia? O senhor acredita que todas essas raças que se apresentam em nosso planeta tenham a mesma tecnologia?

AF: Todos os que vêm aqui já dominaram, evidentemente, as viagens espaciais, mas creio que exista diferenças tecnológicas entre estes povos que nos visitam. Alguns são muito mais avançados do que outros. Vou lhe contar um caso para explicar porque penso assim. Em 2007, estava indo em companhia de um professor fotografar uma cachoeira para um filme sobre UFOs. Ao passarmos por uma curva, nos deparamos com um homem vestido com uma capa e um capuz de cor amarela. Assim que nosso carro apareceu na curva, ele deu dois passos, e no segundo ele sumiu no ar. Eram 16h00, não havia como nós termos nos enganado.

LB: O que houve então?

AF: Nós paramos o carro, mas não havia meios de ver pegadas porque o chão estava coberto de folhas. Do lado de baixo das árvores havia um barranco por onde ele não poderia ter passado — então, ele sumiu no ar. Ou seja, aquele ser possuía uma tecnologia muito mais avançada do que pareciam ter outras manifestações que presenciamos. Porém, embora exista uma diferença tecnológica entre os diferentes povos que nos visitam, temos que nos lembrar de que todos são muito mais adiantados do que nossa espécie. Apenas para ilustrar, eu fiz uma pesquisa na internet e encontrei quatro outros seres, no Havaí, vestidos identicamente ao que vimos.

LB: E existe também uma multiplicidade de interesses da parte deles, ou eles trabalham juntos?

AF: Acho que cada planeta tem seus próprios interesses quando buscam informações sobre a nossa vida, sobre as matérias primas que o planeta tem, sobre os nossos recursos naturais etc. Lembre-se que muitos deles estão aqui há milênios.

LB: E há quanto tempo o senhor acredita que eles estão em Minas Gerais?

AF: Há alguns séculos, pelo menos. As minhas pesquisas em Passa Tempo me permitiram encontrar pessoas que já na década de 40 testemunharam manifestações ufológicas, e elas contam histórias que lhes haviam sido narradas por seus avós, histórias que muitas vezes vêm de muito antes. Lembro-me de minha bisavó contar que viu uma bola de fogo passando por cima da cidade e que todo mundo correu e se escondeu. Não era um meteoro, era um UFO. Muita coisa nos leva a pensar que eles estão no planeta há milênios.

LB: Hoje ainda aparecem UFOs em Passa Tempo?

AF: Aparecem, mas não é mais tão frequente. Quando não existia energia elétrica na zona rural eles eram vistos com mais frequência. Hoje o povo fica vendo televisão, não tem mais oportunidade de andar tarde da noite, como antigamente. Os fenômenos continuam, mas as pessoas é que não saem mais à noite.

Os missionários que se instalam em dada região fazem os moradores dali substituírem seus mitos por figuras religiosas. (crédito: RAFAEL AMORIM)

LB: O senhor acha que a criação folclórica teria uma função similar a um filtro de proteção mental para uma realidade tecnológica que não era assimilável pelas populações do interior de Minas?

AF: Não. A criação folclórica surgiu em virtude do não conhecimento do assunto e da origem do fenômeno. Acredito que as populações do interior de Minas Gerais não assimilavam os UFOs e os jogaram para o campo sobrenatural por não saberem explicá-los. Isso aconteceu em todo o mundo com os mais diferentes fenômenos [Veja box]. Essa é, basicamente, a razão de ser dos mitos e lendas, ou seja, explicar o inexplicável para que os fatos sejam de alguma forma identificáveis e assimiláveis ao espírito humano. No meu caso, eu apenas senti que os UFOs estavam naquelas figuras folclóricas. Assim como acontece em Passa Tempo, existem centenas de lugares no planeta nos quais eles são vistos diariamente. Creio que há algo nesses locais que os interessem especialmente, por isso se concentram ali.

LB: Qual é a sua opinião sobre a posição da ciência em relação à Ufologia?

AF: Muitos cientistas dizem que é impossível vencer as fantásticas distâncias entre os sistemas planetários, calculadas em anos-luz. Daí existirem muitos céticos no mundo científico no tocante às visitas de UFOs à Terra. No entanto, a ciência se esquece que as descobertas surgem à medida que evoluímos e que muitas teorias do passado já foram derrubadas. Especulando-se um pouco, podemos dizer que os extraterrestres realizam viagens interestelares ou intergalácticas nas quais o tempo e o espaço são desprezados, utilizando-se de uma tecnologia que ainda nem sequer sonhamos, mas que talvez venhamos também a alcançar em algum momento do futuro. Não se pode desprezar algo apenas porque não conseguimos explicá-lo ou medi-lo.

LB:
O senhor acredita que um contato pleno e aberto com extraterrestres poderá acontecer em breve?

AF: Não acredito que uma relação direta de nosso mundo com qualquer raça alienígena se dará em algum momento próximo, pois ainda somos considerados muito primitivos por tais seres. E por muito tempo ainda continuarão a existir os contatos isolados e abduções. Nosso planeta ainda é repleto de ganância, ódio, guerras inúteis, religiões em disputa etc. Esses visitantes, que já nos conhecem a fundo, evitam se relacionar diretamente com qualquer governo, já que jamais poderiam nos passar informações tecnológicas, temendo aumentar o poderio destrutivo do ser humano.

LB: Acontecerá um dia?

AF: Bem, ainda estamos muito longe da ideia de fazer parte de uma “organização galáctica”. Para que tenhamos um contato direto com extraterrestres, primeiro é preciso mudar a face deste planeta. Torna-se necessário que todas as nações se unam, abram suas fronteiras e que se respeitem mutuamente, algo que, de acordo com o noticiário atual, está cada vez mais longe de acontecer. Estamos nos aproximando de momentos muito perigosos — tanto que talvez não sobrevivamos a eles. E, se é assim, se nos comportamos com tal ferocidade, como podemos esperar que povos evoluídos façam contato e convivam conosco?

LB: Para finalizarmos, o que o senhor, com tanta experiência, gostaria de deixar como mensagem para nossos leitores?

AF: Eu diria que tudo que se refere à Ufologia deve ser analisado e pesquisado a fundo, pois por mais fantástico que pareça um contato, ele pode ser verdadeiro. Já pesquisamos contatos que considerávamos ficção, mas encontramos outros, semelhantes, que nos mostraram que o indivíduo realmente estava sendo sincero em seus relatos. Alguns aparentam ser verdadeiras histórias de ficção científica, mas, como estamos lidando com uma variedade de raças, distintas em tecnologia, devemos pesquisar todas as histórias com seriedade até que se prove o contrário. Mesmo a Ufologia dita Mística deve ser analisada profundamente, separando-se o joio do trigo, descartando-se as fraudes e os aproveitadores que costumeiramente são apoiados pela mídia. A Ufologia pede seriedade e responsabilidade nas pesquisas, além de muita dedicação e estudo. Não é algo que se possa entender em pouco tempo e nem simplificar em poucas palavras.