*Imagem: montagem [ 1- Ilustração: Nossa Senhora de Guadalupe – identificação das estrelas no manto, com o nome das constelações. 2- Mensagem recebida em Lisboa em 7 de fevereiro de 1917, por meio de escrita automática, da esquerda para direita e em espelho. (Doc. Furtado de Mendonça). 3- Desenho original de Betty Hill sob hipnose, 1968.]
“Crenças religiosas, filosóficas ou éticas não impedem de fazer ciência. Podem, pelo contrário, ser grandes motivações para que um cientista investigue questões polêmicas, como a identidade de certas aparições de Nossa Senhora e manifestações ufológicas. A chave é guardar uma distinção clara entre crença pessoal e prática científica, buscando evidências que, afinal, engrandecem a dimensão religiosa e esclarecem o fenômeno ufológico. Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Fátima, o mapa cósmico de Betty Hill, convergências e evidências.” Lallá Barretto.
A Igreja Católica aborda todos os eventos considerados sobrenaturais, que ocorrem no campo da sua espiritualidade, como os milagres, as aparições e manifestações de Jesus e Nossa Senhora, anjos e santos, com prudência, circunspecção, ceticismo e método. Muitos anos de investigações e processos envolvendo as testemunhas são necessários para que uma manifestação espiritual seja aceita como sobrenatural pela Igreja. Isso porque as aparições “pontuam a Bíblia e estruturam a própria Revelação. Deus fala e aparece ao patriarca Abrahão, a Moisés e aos profetas, a Jesus Cristo, aos apóstolos Pedro e Paulo e a outros cristãos nos Atos dos Apóstolos, resumindo, do início ao fim das Escrituras”, como bem resumido por René Laurentin no Dictionnaire des Apparitions de la Vierge [Dicionário das Aparições da Virgem, Fayard, 2007].
Em torno da Bíblia vários escritos de diferentes tradições cristãs trazem versões mais detalhadas e com relatos da presença do sobrenatural na construção do cristianismo. Os escritos apócrifos trazem relatos que foram descartados do Novo Testamento, porque tinham como preocupação principal registrar e transmitir os acontecimentos sobrenaturais que ocorreram em toda a história da Revelação.
Continuando essa luminosa espiritualidade, as aparições de Nossa Senhora começam a exercer sua presença no mundo com uma manifestação de bilocação da Virgem, já que ela ainda estava viva quando aconteceu o fato. Ela apareceu para o Apóstolo Tiago no ano 40 d.C., em Zaragoza, na Espanha, na manifestação que ficou conhecida como Nossa Senhora do Pilar. Desde então, Maria tem se manifestado ao longo da história em comunicações que são advertências contra o materialismo e o esquecimento dos seres espirituais que somos.
Identidade ambígua.
Mas, seguindo a tradição das aparições na Bíblia, existe uma identidade grande entre aparições de Maria e eventos ufológicos. Ambas as manifestações relatam avistamentos que podem ser entendidos como naves, sondas e seres supostamente extraterrestres. Efetivamente, as descrições das aparições marianas envolvem luzes poderosas, deslocamentos da Virgem que desafiam as leis da física, modificação do ambiente, como frio ou calor súbito, alteração da percepção do tempo, comunicação telepática, comportamento dos animais presentes, comportamento dos corpos celestes, curas milagrosas etc., interpelações quanto à negligência da vida espiritual, até a perseguição dos videntes, são condições que encontramos também nos eventos ufológicos.
Um exemplo dessa identidade ambígua dos dois fenômenos pode ser encontrado nas 56 aparições testemunhadas por Ida Peerdeman, em Amsterdam, entre março de 1945 e maio de 1959, caso compilado por René Laurentin no Dictionnaire des Apparitions de la Vierge [Dicionário das Aparições da Virgem, Fayard, 2007. Em dezembro de 1947, Ida escreve: “Uma imagem muito estranha me apareceu então. Fui impulsionada a olhar para o céu; é como se um projétil fosse lançado […] O objeto tem forma de charuto ou de torpedo e cor de alumínio. De repente, vejo alguma coisa que se solta por trás […] Imagens horríveis de humanos me aparecem então”.
O nome da entidade manifestada, frequentemente revelado nas aparições, fica mais do que ambíguo neste caso, pois a vidente pergunta “você é Maria?” A resposta foi “Me chamarão de a Senhora, Mãe […] Senhora de todos os povos.”[1] Em fevereiro de 1951, Ida recebe a inspiração de uma oração que termina com os seguintes dizeres, “que a Senhora de todos os povos, que foi um dia Maria, seja nossa Advogada. Amém”. E continua seu relato afirmando que “me foi realmente permitido tocar o contorno da sua pessoa, mas sinto-a como algo de imaterial […]. Às vezes, tenho a impressão de que ela é um ser humano, outras vezes não”.
Conhecimento ufológico acumulado.
A Ufologia faz uma leitura imediata das aparições marianas que apresentam fortes características ufológicas. Considera que manifestações ufológicas teriam sido manipuladas e apropriadas pela Igreja Católica para servir seus próprios interesses políticos; que os contatados das aparições marianas fazem eles próprios uma leitura dentro de suas referências culturais, o ambiente católico em que as aparições se deram. Inversamente, porém, muitos eventos ufológicos ocorrem em ambientes fortemente marcados por religiosidade e superstição e nem por isso são confundidos com manifestações religiosas. Estudamos esse aspecto na nossa pesquisa de campo, A Ilha João Donato, MA: um laboratório para o estudo extraterrestre da nossa humanidade? [Revista Ufo, nº 275].
O conhecimento acumulado sobre os contatos com as entidades supostamente espirituais ou extraterrestres demonstra, de maneira inequívoca, que a comunicação dessas inteligências não é aleatória: escolhem com quem e quando entram em contato. A liderança dos fenômenos de contato é das inteligências que se comunicam. Esse fato, nunca desmentido, tanto pelas manifestações religiosas quanto pelas ufológicas, nos leva a colocar uma nuance na tese de manipulação e apropriação dos eventos ufológicos pela Igreja Católica.
Se as aparições são na realidade manifestações ufológicas, temos que admitir que, de alguma maneira, e por motivos que desconhecemos, essas inteligências escolheram se manifestar e até mesmo criar o contexto cultural religioso. Nesse sentido, toda a Revelação Cristã seria uma milenar história de contato com seres de incomensurável evolução espiritual, que continuam a se manifestar no presente da humanidade, sempre no contexto religioso[2]. Podemos encontrar essa abordagem em toda a obra de Marco Petit, mas citaremos sua mais recente e bonita leitura na palestra A Virgem Maria e a conexão extraplanetária [2023].
A hora da Ciência.
As afinidades de certas aparições marianas com eventos ufológicos nos colocam, portanto, diante de uma investigação complexa, na fronteira entre espiritualidade e ufologia, entre o campo ainda mal definido do que é “espiritual” e o campo ainda mal conhecido da física dos objetos voadores não identificados. O grande avanço da física quântica vem revolucionando o conhecimento da matéria e da luz, e tudo indica que tanto as aparições marianas, quanto os eventos ufológicos, são manifestações explicáveis pela nova física, antes desconhecida. Estamos apenas começando a vislumbrar cientificamente outras dimensões que resultam das diferentes vibrações da matéria, onde se situariam, muito provavelmente, todas as manifestações ainda consideradas sobrenaturais e inexplicáveis. As manifestações dessa nova física obedecem a vontades inteligentes, com mensagens para a humanidade.
Vivemos hoje um momento histórico de avanço científico e tecnológico, em que evidências de aparições marianas e de eventos ufológicos podem ser submetidas à pesquisa científica. Muitas revelações vêm sendo feitas por meio das novas tecnologias aplicadas ao estudo dessas evidências.
Vamos estudar neste artigo a espetacular imagem de Nossa Senhora de Guadalupe (México, 1531), as mensagens que anunciaram os eventos de Fátima (Portugal, 1917), antes de acontecerem, e o Mapa Cósmico de Betty Hill (EUA, 1961). O que nos revelam e ensinam os estudos científicos desses casos? Existe alguma identidade e sincronicidade entre eles, a ser revelada pelo nosso próprio amadurecimento científico atual, quando o conhecimento e a tecnologia estivessem disponíveis para essas revelações?
A imagem da Virgem de Guadalupe.
A Imagem da Virgem de Guadalupe é um dos grandes mistérios da atualidade. Ela é venerada até hoje no seu santuário de Tepeyac, na cidade do México, impressa de maneira tida ainda hoje como inexplicável na tilma [poncho] do vidente Juan Diego, a quem apareceu por duas vezes no dia 09, e em seguida a 10 e 12 de dezembro de 1531. Recebeu da Virgem a missão de ir ao bispo para dizer-lhe que a aparição pedia a construção de uma capela no exato lugar em que se manifestou. Como o bispo não acreditou na história, pediu um sinal que comprovasse a realidade da aparição. A Virgem então ordena a Juan Diego que leve ao bispo, envoltas na sua tilma, maravilhosas rosas que apareceram na árida colina, onde não crescia qualquer tipo de flor.
No dia 12 de dezembro, Diego levou as flores ao bispo, como podemos ler no Nican Mopohua [Aqui se conta], publicado por Luis Lasso de la Vega em 1649: “Por favor, receba-as. Então estendeu sua tilma branca, na qual havia colocado as flores. Ao caírem ao chão, todas as variadas flores logo se converteram ali em sinal e apareceu de repente a Amada Imagem da Perfeita Virgem Santa Maria, Mãe de Deus, na forma e figura em que está agora, onde é conservada em sua amada casinha, em sua sagrada casinha no Tepeyac, que se chama Guadalupe. Ao verem-na o senhor bispo e todos os que ali estavam, ajoelharam-se e muito a admiraram. Puseram-se de pé para vê-la e se entristeceram, se afligiram, com o coração e o pensamento suspensos…”
Desde então, a imagem manifestada na tilma é venerada, e por isso mesmo tornou-se objeto do interesse da ciência. Começando com a impressão milagrosa da imagem, diante de várias testemunhas, muitos estudos científicos, ao mesmo tempo que esclarecem aspectos da imagem, aumentam o mistério das partes que continuam até hoje inexplicadas. Todos os elementos figurativos e materiais usados para a manifestação da venerada imagem são atualmente estudados, e quando não continuam inexplicáveis, significados que permaneceram ocultos por quatrocentos e cinquenta anos vieram à luz, esperando talvez que o amadurecimento científico e tecnológico humano os revelasse, permitindo fazer conexões mais concretas entre espiritualidade e ufologia?
Dentre os inúmeros elementos que compõem a venerada imagem da Virgem de Guadalupe, vamos nos interessar pelas 46 estrelas pintadas no manto, que revelaram uma estranha identidade tecnológica e simbólica com os anúncios anteriores aos acontecimentos em Fátima, e o mapa cósmico de Betty Hill.
A análise da imagem: fotografia infravermelha.
Imagem original da fotografia infravermelha da Virgem de Guadalupe, desenho de Callagan ; Nossa Senhora de Guadalupe, 1749 – Reprodução de Pintor Barroco Desconhecido.
Jody Brant Smith[3] e Philip Serna Callagan, cientistas colaboradores da Nasa, trabalharam durante dois anos a imagem “impressa” na tilma, submetendo-a à tecnologia de fotografia infravermelha. O estudo estabelece que: 1. existe uma imagem original da Virgem, com a túnica rosa, o manto azul, as mãos e o rosto, aquela que foi apresentada ao bispo em 12 de dezembro de 1531. A impressão dessa imagem original na tilma foi considerada inexplicável, por não conter vestígio de fatura humana; 2. alguns anos depois foram acrescentadas por mãos humanas as decorações que transformam a imagem original em um ícone católico, creditando a apropriação do evento pela Igreja. Vamos colocar em evidência as 46 estrelas acrescentadas, objeto do nosso interesse neste artigo.
Datação cósmica e tecnologia.
Mario Rojas Sánchez, um dos maiores conhecedores da Civilização Asteca do século XX, ponderou, ao estudar a imagem em Guadalupe: la Virgen de Guadalupe se lee em Náhualtl [Guadalupe: a Virgem de Guadalupe se lê em Náhualtl, Centro de Estudios Guadalupanos, 2001], que todos os elementos decorativos acrescentados encerrariam talvez algum tipo de mensagem, já que, para os mesoamericanos, apenas os fatos verdadeiros podiam ser reproduzidos em suas pinturas, emitindo a ideia de que seria necessário interpretá-los como uma mensagem pictórica.
Coube ao astrônomo Juan Homero Hernández Illescas acompanhar Sánchez na verificação dessa hipótese, que resultou na publicação La Virgen de Guadalupe y las Estrellas [A Virgem de Guadalupe e as estrelas, Centro de Estudios Guadalupanos, 1981]. A inexplicável imagem original, sem portanto o acréscimo das estrelas, foi aquela mostrada ao bispo por Juan Diego na manhã de terça-feira, 12 de dezembro de 1531, data do solstício de inverno. O solstício de inverno marcava o renascimento do Sol, com o retorno à vida e o início de um novo ciclo no calendário religioso, uma data de grande significado para a cultura asteca.[4]
Quando começaram o estudo, em 1981, Illescas e Sánchez não dispunham de mapas estelares para estabelecer a configuração cósmica do solstício de inverno de 1531. Finalmente foi possível dispor de mapas estelares fornecidos pelo Observatório de Greenwich, de Londres. A hipótese de Rojas se verificou surpreendentemente correta! Efetivamente, constelações observáveis no céu desse dia estão representadas no manto, “na ordem certa, mas invertidas como se as víssemos num espelho, ou como se pudéssemos observá-las de longe no Universo, no lado oposto à Terra”, como comentam David Caron Olivares e Jean-Pierre Rousselle em Notre Dame de Guadalupe, l’image face à l’histoire et à la science [Nossa Senhora de Guadalupe, a imagem diante da história e da ciência, Rassemblement à son Image, 2014].
Ilustração: Nossa Senhora de Guadalupe – identificação das estrelas no manto, com o nome das constelações.
No lado direito do manto estão as constelações presentes no hemisfério sul, do lado esquerdo as do hemisfério norte presentes no céu deste dia: “A projeção das estrelas sobre o manto da Virgem mostrava uma leve deformação das constelações. O grau de deformação era mais ou menos elevado segundo o lugar da estrela no manto e o ângulo de projeção. Para estabelecer a boa correspondência entre as constelações deformadas do manto e as constelações da abóboda celeste, Illescas teve que utilizar um espelho côncavo. (…) A posição das constelações correspondia, portanto, ao solstício de inverno, que aconteceu precisamente às 10h40 da manhã nesse 12 de dezembro de 1531, quer dizer, ao momento exato da chegada do Novo Sol, tão esperado pelos Astecas”.
Inspiração parapsíquica.
Temos então a certeza de que as 46 estrelas do manto foram pintadas por mãos humanas, porém de maneira inusitada, como se o pintor pairasse muito acima da superfície a ser pintada, tivesse pintado as constelações invertidas, e ligeiramente deformadas para adaptá-las à própria forma do manto, contemplando as constelações dos hemisférios sul e norte, essa descoberta só sendo possível com a ajuda de um espelho côncavo. Ainda que um pintor conseguisse tal proeza, podemos considerar algum tipo de orientação parapsíquica para pintar dessa maneira, e com tamanha precisão, as constelações presentes no solstício de inverno de 1531, alegremente acrescentando estrelas decorativas no manto da Virgem de Guadalupe.
Trata-se então da datação cósmica de uma aparição mariana, um fato espiritual que se estabelece cientificamente por alguma inteligência superior. Essa informação ficou oculta por quatrocentos e cinquenta anos.
As mensagens antecipadas de Fátima.
Mas Ufologia é muito interessante mesmo! Imaginem vocês que as aparições de Fátima [Portugal, 1917], eventos que apresentam evidente semelhança com o fenômeno Ufo, não acabaram de revelar seus segredos. Recentemente, novas pesquisas dos jornalistas Fina d’Armada e Joaquim Fernandes, Fátima, nos bastidores do segredo [Ancora, 2002], trouxeram a público uma mensagem obtida numa sessão espírita, por meio de escrita automática, ou psicografia.
A mensagem foi recebida no dia 07 de fevereiro de 1917, provavelmente por indução mental, redigida da direita para a esquerda e de cabeça para baixo, sendo necessário colocar o texto diante de um espelho para possibilitar sua leitura. O texto anuncia que um evento extraordinário aconteceria em seguida, no dia 13 de maio, e é assinado por Stella Matutina, apelação atribuída pela tradição popular, tanto à Virgem Maria, quanto ao planeta Vênus.
Mensagem recebida em Lisboa em 7 de fevereiro de 1917, por meio de escrita automática. (Doc. Furtado de Mendonça).
Mensagem recebida em Lisboa em 7 de fevereiro de 1917, por meio de escrita automática, da esquerda para direita e em espelho. (Doc. Furtado de Mendonça).
A mensagem consta da ata da reunião mediúnica em que foi comunicada e foi publicada pelos espíritas em 10 de março no Jornal Diário de Notícias, cujo título é a seguinte criptografia numérica, 135917 (13 de maio de 1917), possivelmente para constituir uma prova, se um acontecimento futuro realizasse a predição contida na mensagem. Outra mensagem foi publicada no Porto em 11 de maio, e no próprio dia 13, dia da primeira aparição, em três jornais da cidade. Elas estabelecem também uma realidade, um fato incontestável, a datação antecipada de um dos eventos de aparição mariana mais estudados, há décadas, pela Ufologia.
Elucidando a comunicação parapsíquica.
D’Armada e Fernandes não pararam por aí. Para entenderem melhor o fenômeno da psicografia, trabalharam com estudos científicos que concebem o ser humano como um campo de forças ativas, que reagem de maneira dinâmica com outros campos de força, como as fases da Lua, a posição do Sol, as radiações cósmicas, os raios gama, ou as manchas solares. Muitos desses estudos concluem que os fenômenos telepáticos, que compreendem a psicografia, ou escrita automática, podem ser ativados pela criação de campos magnéticos ou outros campos de força artificialmente produzidos.
Sem ter a menor intenção, foram levados diretamente da aparição mariana ao fenômeno Ufo, ao tomar conhecimento das correlações estabelecidas pelo canadense Wido Hoville entre os ciclos de grande atividade do Sol e as ondas de avistamentos de Ufos. Ela concluiu que, analisando os gráficos “vemos que, na realidade, o ano de 1917 corresponde a um dos ‘picos’ de intensidade máxima da atividade solar. Esses dados estão em perfeito acordo com as conclusões a que chegamos no final da nossa investigação”.
Espelho, espelho meu.
Na imagem da Senhora de Guadalupe e na mensagem antecipada de Fátima encontramos a mesma forma de comunicação. Se as estrelas do manto da Guadalupe foram acrescentadas para “enfeitar” a imagem de elementos decorativos católicos, seu verdadeiro significado, a datação cósmica da aparição, ficou oculto durante 450 anos.
Ainda que todas as civilizações antigas tivessem a fixação de datas, solstícios, fases da Lua e de Vênus, e outras datas cósmicas, indispensáveis para a sobrevivência social, pois determinavam plantios e colheitas, e que o conhecimento do céu estivesse disponível tanto para astecas quanto para colonizadores espanhóis, a maneira como as constelações foram projetadas no manto parece de realização impossível se não levarmos em conta algum tipo de inspiração, aparentada com a inspiração psicográfica da mensagem antecipada da datação do primeiro evento de Fátima.
Ufologia e datação cósmica.
A abdução de Betty e Barney Hill (EUA, 1961), um dos primeiros e mais bem estudados casos de abdução da Ufologia moderna, sofreu uma significativa reviravolta em 1993. Dentro da nave, Betty Hill pergunta a seu abdutor de onde eles vinham. Para responder a essa pergunta, ele lhe apresentou uma espécie de holografia, com uma visão dinâmica dos extraterrestres: eram pontos interligados por linhas pesadas, que corresponderiam a rotas de comércio, por linhas leves, a lugares visitados ocasionalmente, e linhas quebradas a expedições.
Desenho original de Betty Hill sob hipnose, 1968.
Esse mapa cósmico foi reproduzido sob hipnose por Betty, em 1968. Em 1974, a astrônoma amadora Marjorie Fish não dispunha de nenhuma tecnologia que a ajudasse a ler o mapa, mas procurou manualmente nos mapas estelares disponíveis uma configuração que correspondesse ao desenho de Betty Hill. Apesar das críticas, concluiu, no artigo publicado pela MUFON, tratar-se do sistema binário Zeta Reticuli 1 e 2, das estrelas Alpha Mensae, 82 Eridani, Giese 59, Gliese 67, Gliese 86, Gliese 86.1, Gliese 95, Kappa Fornacis, 54 Piscium, 107 Piscium, Tau Ceti, Tau 1 Eridani, e o Sol.
Interpretação de Marjorie Fish
Em 1993, Joachim Koch e Hans-Juergen Kyborg, dois especialistas alemães em Agroglifos, fizeram uma releitura do mapa, que submeteram ao programa de computador Dança dos Planetas[5], software de simulação científica. O que descobriram foi fascinante e esclarecedor[6]: o mapa configura o nosso próprio sistema solar, descortinado a partir de uma nave extraterrestre, que estaria situada além de Saturno, oferecendo uma visão dinâmica da presença extraterrestre nos planetas e asteroides que ficou possível identificar.
Interpretação de Koch e Kyborg
Uma dúvida surgiu sobre se o mapa seria também uma datação cósmica, já que Mercúrio não estava na posição correta para a noite de 19 para 20 de setembro de 1961, data da abdução dos Hill. A pesquisa levou-os a considerar que durante o mês seguinte à abdução, Betty teve cinco noites consecutivas de pesadelos, sofreu em seguida, junto com Barney, uma crise de pânico, e a 21 de outubro, um mês após o sequestro, Walter Webb, do Planetário Hayden de Boston, inicia a primeira investigação séria do caso.
Esses acontecimentos sugeriram aos autores que o contato continuou em um nível paranormal durante o mês seguinte, “como se os ‘Outros’ exercessem certo controle sobre as coisas por um curto período após o sequestro e finalmente o encerrassem.”[7] Intuíram que para os extraterrestres o contato não estaria circunscrito somente à abdução propriamente dita, mas também aos contatos paranormais subsequentes. Acertada intuição! Mercúrio ocupou o lugar certo em que aparece no mapa em 20 de outubro de 1961, data do encerramento do contato!
Ciência e Tecnologia.
Os dois casos de aparição mariana e o evento ufológico citados envolvem comunicações paranormais, sempre atribuídas à imaginação e à psicologia de videntes e contatados. Entretanto, as inteligências responsáveis por essas comunicações estabelecem esses acontecimentos como realidades irrefutáveis, ao embutirem sua comprovação na sua datação cósmica.
Essas informações ficaram ocultas durante 450 anos, para a aparição de Guadalupe, 85 anos para as manifestações de Fátima, e 25 anos para o mapa de Betty Hill, permanecendo como em stand by,aguardando nosso amadurecimento científico e tecnológico que permite começar a estabelecer de maneira comprovada a realidade e identidade das manifestações espirituais e ufológicas?
Já sabemos agora que a pesquisa ufológica deve avançar, ir além da simples observação, que devemos pesquisar informações ocultas, como a existência de datações cósmicas. Vimos também que nas aparições marianas existe evidência de uma identidade de modo de contato, que comprova a realidade concreta do modo de comunicação paranormal. Que outras comprovações se encontram ainda ocultas para comprovar a identidade das manifestações ditas “espirituais” e dos fenômenos ufológicos?
Ilustração Nossa Senhora de Pontmain.
A impressionante aparição de Nossa Senhora da Esperança (Pontmain, França, 1871), sugere a beleza do que fica ainda por descobrir: a estrela que rodeia a aparição parece afastar-se ou mesmo pousar a seus pés, enquanto as estrelas do vestido ficam maiores, tão numerosas quanto um formigueiro. Em breve tudo ficou dourado. Os videntes se esforçam para distinguir ‘as estrelas do tempo’ (as constelações) das estrelas que seriam da aparição, sem sucesso. Enquanto Irmã Edouard entoa o Magnificat, no grande tom da Bretanha.
Rio de Janeiro, 31 de março de 2024.
*Artigo publicado na Revista UFO número 288: Espiritualidade e Ufologia, o encontro com a ciência.
NOTAS:
[1] René Laurentin no Dictionnaire des Apparitions de la Vierge [Dicionário das Aparições da Virgem, Fayard, 2007].
[2] A Virgem Maria e a conexão extraplanetária [2023], Marco Petit.
[3] https://www.goodreads.com/author/show/1753290.Jody_Brant_Smith
[4] La Virgen de Guadalupe y las Estrellas [A Virgem de Guadalupe e as estrelas, Centro de Estudios Guadalupanos, 1981]
[5] Dança dos Planetas. software de simulação de ciência de arco, USAPO Box 1955, Loveland CO 80539.
[6] Sobre essa descoberta, ver nosso artigo “O Mapa Cósmico de Betty Hill: a nova era espacial, o desacobertamento, as sincronias em Ufologia”
IMAGENS:
Imagem 1 – Fonte: Retirada do livro BENÍTEZ, O mistério da Virgem de Guadalupe, Kindle, p. 147
Imagem 2 – Fonte: http://santhatela.com.br/pintor-barroco-desconhecido/nossa-senhora-de-guadalupe-1749/?a
Imagem 3 – Fonte https://www.culturemag.fr/2009/09/29/notre-dame-de-guadalupe-canular-supercherie-ou-miracle-22/
Imagens 4 e 5 – Fonte: Retirado do livro de Fina d’Armada e Joaquim Fernandes “Fátima, ce qui se cache derrière les apparitions”, traduzido do português, Grenoble, Le Mercure Dauphinois, 2010. P. 17. Título original Fátima nos bastidores do Segredo, Âncora, 2002.
Imagens 6, 7 e 8 – Fonte: https://www.kochkyborg.de/BBHill/hill05.htm
Imagem 9 – Fonte: https://www.marypages.com/nossa-senhora-de-pontmain-pt.html